quinta-feira, fevereiro 04, 2010

livro

Quando eu era criança, tinha a certeza de que as personagens dos livros depediam da minha leitura para existirem. Se por acaso passava mais de dois dias sem voltar ao livro, a situação me afligia por deixar suas criaturas presas ao contexto daquele capítulo. Era como se elas existissem e a minha não leitura prendia suas vidas ao momento em que eu parasse de ler. Imaginava suas vidas altamente sacrificadas e sem graça por culpa minha. Quando acontecia de não engatar a leitura, uma culpa enorme pairava sobre mim: sofria pela prematura morte de tédio que acometeria meus heróis.
Mas o melhor da minha infantil vida de leitora era a sensação de completude que cada livro me trazia. Vivia plenamente num outro planeta,em outro contexto por algumas horas do dia. E daí, a vontade de encontrar o livro e saborear uma outra vida me enchia de entusiamo.
Até hoje me sinto assim, plena quando esse tipo de encontro acontece. Quando ler um livro se parece mais com viver um livro.

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