quarta-feira, fevereiro 17, 2010

dourado e azul escuro

Francesca abriu a porta e viu o que havia lá fora: uma escuridão de noite fria. "Amanhã haverá sol" - pensou. A noite estava tão cheia de estrelas que quase se via a Via Láctea - "um caminho esbranquiçado como leite", como dizia seu livro de ciências. Entrou no carro e colocando as mãos no volante gelado, lembrou do que sonhara. O que mais a impressionara no sonho fora a riqueza de detalhes com que aparecia seu porta níquel. E ela lembrava especialmente desse momento do sonho: pegava moedas para pagar qualquer besteira que mataria sua fome. E o objeto aparecia: azul escuro, em forma de dobradura, com estrelas douradas na parte superior, feito em couro por algum marroquino. Era o seu porta moedas anunciando o céu gigante de estrelas que ela veria quando abrisse a porta. Talvez o marroquino, numa noite como essa, tenha talhado de ouro aquele couro e registrado o que o olho dele via.

Nenhum comentário: