terça-feira, dezembro 12, 2006

sobre pídgin e o homem que distribuía guarda-chuvas

Pídgin: código que não tem falantes nativos, sempre utilizado, portanto, como segunda língua e que resulta do contato entre grupos falantes de línguas diferentes; língua de comércio, língua de contato.

Começo aqui meu pídgin, inofensivo, língua inventada. Será que ressoa?


Tenho vontade de falar do homem que distribuía guarda-chuvas. Um dia o vi sentado num trem com vários modelos envoltos em embalagem plástica. Ficava na porta de sua casa, sentado numa cadeira de pescador e esperava a chuva chegar. Começavam os primeiros pingos, ele se armava de seus guarda-chuvas e saía pelas ruas a distribui-los para os desprevinidos. Vez por outra, as mulheres queriam escolher modelos e cores; ele deixava e achava graça na vaidade feminina. Gostava mesmo de chuva grossa, daquelas de "encharcar os ossos", como dizia sua mãe. Nesses dias, cumpria seu dever feliz.
O homem não usava os guarda-chuvas, nunca, apenas os distribuía, gostava de voltar molhado para casa, molhar-se inteiramente. Sua felicidade era previnir os desprevinidos.

Um comentário:

Anônimo disse...

A tarefa do escritor é semelhante à do "homem que distribuía guarda-chuvas".
As palavras que solta ao vento servem de abrigo a pessoas que, muitas vezes, desconhece. Geralmente, ele volta para casa encharcado de emoções e idéias...e seu prazer reside justamente nisso.
Bom saber que que você também distribui guarda-chuvas...
E o faz tão bem!