segunda-feira, junho 04, 2007

carta a uma pessoa querida

Aqui o amor se faz causa e conseqüência. Aqui amar é telepatia e ideologia. Amou fulano, cicrano, beltrano. Amor, aqui, não é vermelho; é lilás. Há algo de apaziguado nesse amar. Não sabe viver se não for para derramar seu amor. A liberdade já chegou, mas ela não sabe o que fazer com ela. É liberdade demais não precisar cuidar de ninguém. É liberdade demais cuidar de si. O luxo da solidão está pedindo pra entrar. Ela abre a porta com um pouco de receio ainda. É tão grande e tão linda que pode ser muito para ela. Um grande susto! É perigoso: de repente ela se vê e descobre o mundo. Aliás, a sua volta todos já perceberam e esperam dela brindes e fogos de artifício. Mas calma lá minha gente! Há dor também e é imensa. Há medo e há uma criança frágil que ouviu histórias demais e se assusta com o sobrenatural do que se conta. Ela precisa de colo e precisa se dar colo. Agora é ser inteira e assumir que às vezes a gente assusta e pisa na ferida dos outros e não tira o espeto da pata do urso. Todos esperam muito dela. E eu sei que ela é muito mais do que qualquer pensamento possa conceber: é muito maior e muito menor. É riso. É lágrima. Força e melancolia. Há uma parte dela com vontade de nascer e há outra que tem medo do que possa vir. Mas o primeiro sim já foi dado. E se seguirá de tantos sins e tantos nãos hão de vir. Doa a quem doer.

Um comentário:

Anônimo disse...

Lindo!
Without words...