Quatro filhos. Três meninos e uma menina. Banho tomado. Lição de
casa conferida.
Era hora de Marlene esquentar quatro canecas de leite fortemente
adoçadas com uma mistura de achocolatado e três colheres de
açúcar - relaxava as crianças.
Leite tomado. Os quatro meninos de pijama, cabelos e dentes
escovados, aguardavam sem muita paciência, cada um, seu beijo
de boa noite.
No mesmo quarto, dois beliches: os meninos mais velhos dormiam
na cama de cima, o menino mais novo e a única menina tinham
direito à segurança da cama de baixo. Um pouco de confusão se
instalava - Marlene tentava como podia dar conta de tudo aquilo.
No outro quarto que restava no pequeno apartamento de 65 m²,
Dona Ivone, mãe do ex-marido de Marlene, dormia.
A senhora gorda e as crianças foram o que restaram da conturbada
relação. A velha olhava as crianças à noite, horário em que Marlene
saía para o serviço.
Dividiam o quarto, Dona Ivone e Marlene, mas o turno de trabalho
de uma permitia a paz e convivência entre as duas.
Alta madrugada. As quatro crianças dormiam. Dona Ivone roncava
sua música de todas as noites.
Marlene de banho tomado e olhos pintados. Tirava os sapatos,
calculava o esquema chave-fechadura para não fazer ruído.
Na rua, sozinha, um pouco de paz e liberdade. Aguardava o
motorista da firma.
Depois de uns tantos quilômetros, já com os colegas sonolentos na
mesma van, orgulhosa avistava a placa verde de seu setor: “SP 160
– Imigrantes: São Paulo – Baixada Santista”.
No km 24, sentido Batistini, Marlene cobrava 4,80 por veículo que
parasse próximo à sua cabine.
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Um comentário:
Bom e longo retorno. Gostei do texto.
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