terça-feira, junho 29, 2010

taxis: sp - bs as -sp

Ele, brasileiro, uns 56 anos, humilde, pede licença. Revistas de celebridades para os passageiros, quer agradar. Só liga o rádio para saber do jogo quando o cliente se interessa pela copa, senão... fica sem saber o resultado da partida. Tem um neto lindo, bonzinho, mas carente. Sua filha casou com um homem que não vale nada, está preso, um miserável.

Ele, argentino, uns 48 ou 50 anos, simpático, torcedor e fã do Maradona, confiável, pai solteiro de uma filha de 22 anos. A filha é universitária, estuda Relações Públicas. O pai, um pouco índio, soriso fácil, choro escondido.

Ele, paraguaio, uns 56 anos, animado, ri a toa. Do Brasil diz que queria a Xuxa e todas as paquitas. Já morou na Itália, 2 anos, na Calábria, onde a gente é realmente boa. E o amor? O amor é como o futebol: muitos jogos, muito choro e muita glória. Está com a mesma mulher há 30 anos. Se viram e em dois meses estavam casados. Amor, amor, amor... futebol, futebol, futebol. Tem um sobrinho, orgulho da família, que joga numa seleção italiana.

Ele, uruguaio, 31 anos, pai de uma menina e de um menino. Torce mesmo para o Uruguai, que está em seu coração mesmo estando na Argentina desde menino. A cidade de Buenos Aires é muito linda, mas o Uruguai... Montevideo, Punta del Este... Pega-se um barco e em uma hora se está lá!

Ele, argentino, 63 anos, voz grave de fumante. Senso de humor apurado. Político, indignado. Se Deus nos fez a sua imagem e semelhança, imagine como ele deve ser...

Ela, brasileira, 46 anos, bonita em sua camisa estampada. Carro limpíssimo, organizado. No rádio, Caetano Veloso canta. Tranquila, quase zen. Divide o taxi com seu pai: de manhã é dele para que ela possa praticar yoga e a noite é dela. Leo Jaime começa a cantar sua mensagem de amor, ela balança seu corpo magro para os lados, empolgada. A noite é dela...

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