terça-feira, dezembro 22, 2009

sonho

Sonhei com algo tão violento que, de alguma forma, apaguei da minha cabeça. Tento em vão lembrar do sonho. Meus mecanismos de defesa apagaram qualquer rastro do que poderia ter sido o sonho mais violento da minha vida. Mas sei que ele existiu. Sei que os últimos acontecimentos têm me pedido agressividade. E para isso o sonho se fez, me salvou e foi esquecido. Talvez o personagem central desse sonho não fosse eu. Talvez fosse um velho; acho que era. Lembro que havia um portãozinho baixo de grades de ferro e essa frágil barreira separava o possível velho do acontecimento violento. O sonho era cruel e só isso eu sei. Assim como a gente cria doenças, envelhece sem perceber; a violência se fez dentro de mim. E havia o pior, a escória do mundo, o que dói, o que não se fala, nem se olha... mas eu não lembro. Fechei os olhos pra esse sonho como fecho os olhos para não ver certas cenas de filme no cinema. Mas esse filme era meu, criação minha e, mesmo não lembrando, eu respondo por ele.

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