Estava triste. Descendo as escadas rolantes do metrô, na minha frente: um homem cego. Ele se desequilíbrou ao final dos degraus. Seguramos nele, ficou firme. Lembrei da oração de Santo Antônio que minha avó lera pra mim no dia 13 e cristãmente pensei, "estou triste, mas não sou cega".
Daí pensei em como seria triste viajar e não ver o novo. E "a viagem do cego" é feita do que? O cego precisa viajar pra ver o novo? Sem a facilidade de ver as coisas, imagino que tudo tem que ser continuamente recodificado. Será?
E Migulim?
“Miguilim olhou. Nem não podia acreditar! Tudo era uma claridade, tudo novo e lindo e diferente, as coisas, as árvores, as caras das pessoas. Via os grãozinhos de areia, a pele da terra, as pedrinhas menores, as formiguinhas passeando no chão de uma distância. E tonteava. Aqui, ali, meu Deus, tanta coisa, tudo...”.
Mas será que o cego gosta de viajar? Ou a cada momento descobre o mundo com "olhos" de viajante? Por cheiros, sons, tato e paladar?
"Sertão é dentro da gente."
E eu que não sou católica, mas tenho fé em Santo Antônio (e muita!), ainda assim continuei triste mesmo vendo as coisas do mundo.
terça-feira, junho 16, 2009
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3 comentários:
amei.
mas isso é incrível, mesmo. li várias vezes e não me canso.
Adorei também.
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