sábado, agosto 23, 2008

da exposição e outros demônios

Os olhos fecham e deliciam-se com o detalhismo do que existe aqui dentro: riqueza de cores, pontilhismo interessante. Devagar, sem que ninguém note, beijo meu braço direito. Minha pele é quente, viva. Sigo em frente, apaixonada. Comigo em mais alta conta. Difícil é dividir esse valor com o mundo. A exposição é o capeta! Minha timidez detém passo firme.

domingo, agosto 10, 2008

assim me salvo


foto: Renata Velguim

salvação

Escrever para tentar margear o rio. Direcionar seu curso. A ausência de palavras nesse espaço acontece porque o teatro tem margeado minha vida. E como a nascesnte é selvagem, ainda não sei fazer uso das duas linguagens ao mesmo tempo. Mas é tudo matéria de salvação, vêm e saem do mesmo saco!

ofensiva

Sem nenhum ritual, como faço todos os dias, abro a porta do armário para sem muito escolher me vestir para o dia. Meu rosto me surpreende refletido no espelho: não sou quem há muito pensava. Meu rosto me desmente, me desautoriza. Assim, face neutra, cara-a-cara comigo, sou minha inimiga. O sorriso habitual destempera a face escondida. Sou séria, olhos grandes. Minha boca é ofensiva, meu olhar é ofensivo. Os anos passando revelam uma mulher há muito escondida. Sou surpreendida com a agressividade tão distante da minha famosa suavidade. Sou mulher de choro alto com olhos que rasgam minha pele para ver o mundo e, às vezes, o ofendo com a composição irregular que sou.