quarta-feira, abril 30, 2008

roma

Tinha uma imagem de si de terceira pessoa. Ela era ela, mas também não era. Sabia que em algum lugar de sua personalidade mais profunda, havia um ser que tudo sabia e nada escondia.
Gostava de imaginar o que aquele super-ser faria quando a dúvida aparecia.
Às vezes, agia como quem esconde de si sua parte mais concisa e competente. Para aquela parte dela que em nada excedia, o mundo estava extremamente justo e de acordo. O desafio estava em se deixar guiar, cada vez mais, por essa inteireza. Abrir mão do que, um dia, disseram ser ela.
Fácil era abrir mão das fantasias alheias sobre o que ela seria. Difícil era destruir forma e conteúdo do que ela própria construiu para si; e se contentar em ser a grande ruína dela mesma. E seria tão bela, como belas são as ruínas de outras civilizações. Talvez mais belas e mais genuínas do que foram em atividade, mas agora com a austeridade própria das coisas que permanecem.

2 comentários:

IZILDA disse...

Impressionante!!!

Anônimo disse...

vc é linda e foda.