quarta-feira, dezembro 05, 2007

canção dos 17

Cheguei ao início da noite de hoje como criança que precisa gastar energia. Só então saí a rua e percebi que meu corpo pedia movimento, pedia olhar e ser olhada. Andando pelas ruas revivi minha canção dos 17 anos. Lembrei de um tempo em que era apenas olhar para um outro, que já queria ser esse outro de tanta compaixão que sentia pelas pessoas que me eram estranhas.
Hoje precisando gastar energia fui me consumindo e querendo dançar no corpo dos outros. Lembrei da minha canção dos 17 e de como comemorei meu aniversário de 17 anos no dia 17. Lembrei que meu pai me deu 17 rosas vermelhas. E de como eu não queria que meu namorado de quando tinha 17 anos, estivesse presente na minha festa de 17 anos. Não cabia um outro homem senão o que me salvaria, o que me redimiria. Mas ele foi, comeu um pedaço do bolo de maracujá e não me redimiu. Ainda hoje acredito que um homem me redimirá. Sei que não é possível, mas lá bem longe onde meu peito canta a minha canção dos 17 espero o meu salvador.
Hoje precisava gastar energia como cão que fica trancafiado dentro de casa. Saí a rua e meu maior ato de violência possível foi pisotear uma bexiga branca que estava abandonada na rua.

3 comentários:

Anônimo disse...

Querida, orgulho profundo de ter você como companheira.

Unknown disse...

pordria comentar várias de suas palavras, mas fiquei com a última, a "canção dos 17", como imagem clara da busca...parabéns querida, por mais esse talento...Luaa

Anônimo disse...

A imagem é perfeita: sair às ruas cantarolando lembranças e pisotear uma bexiga branca para gastar a energia contida no peito.
Na alma, a eterna busca do salvador, que, no fundo, sabemos ser a coragem de enfrentar os próprios medos e limitações...
Tanto orgulho também!
Dezessete beijos de amor pra você!